A verdadeira revolução x os erros de princípios

on segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014
Creio que consegui falar um pouco desse tema no último post, ao explicar o que permite ao socialismo democrático ser por vezes até mais revolucionário que seus irmãos apregoadores da luta armada, no entanto desejo realmente falar um pouco mais sobre isso.

Obs.: Sugiro que ouçam a palestra do post anterior.

Uma sociedade fundada na competição entre seus membros será sempre autodestrutiva! Se em uma família houver competição entre seus membros, os membros mais fortes (os pais) ao invés de ampararem os membros mais fracos (bebês por exemplo) começarem a querer competir com os mais fraco, podem acreditar que em breve essa família estará reduzindo de tamanho. Não tardará a se transformar em ruínas a Igreja onde o clérigo quiser disputar quem vai ser mais espiritual com os fiéis, ao invés de auxiliar os mesmos em sua jornada (e deve ser por isso que Deus ao chamar São Francisco de Assis, em uma época de degeneração moral na Igreja, fala justamente: "Vai e reconstrói a minha Igreja que está em ruínas"). Nem mesmo as empresas podem ter seus sócios competindo entre si por muito tempo.

A base da nossa atual é a barbárie, o apoio mútuo é solenemente ignorado e colocado em seu lugar o egocentrismo. Se ainda resta dúvidas sobre a tendência suicida de nossa sociedade, vale ler o que Thomas Malthus (um dos autores básicos para a economia, demografia e outras ciências que nos regem até hoje) em seu "Ensaio sobre o princípio da população" (conforme citação de Proudhon em seu Filosofia da Miséria): "... Um homem que nasce em um mundo já ocupado, se sua família não possui meios de alimentá-lo, ou se a sociedade não tem precisão de seu trabalho, este homem eu digo, não tem o menor direito de reclamar uma porção qualquer de alimento: ele está em demasia sobre a terra. No grande banquete da natureza, não há lugar para ele. A natureza ordena-lhe que se vá e não tardará ela mesma a colocar tal ordem em execução..."

Não é de se estranhar que, apesar de reconhecermos avanços em muitas áreas, vemos um aparente retrocesso em outras. Ex.: Nos sentimos como a geração com menos tempo disponível da história, mesmo que nunca na história a tecnologia tenha nos feito economizar tempo em inúmeras tarefas. Nos desumanizamos, passamos tão apressados pela rua que nem percebemos uma pessoa caída na rua necessitando de auxílio (e eu digo que eu passei por essa chocante experiência de ver que na pressa entre compromissos, eu havia passado por uma mulher que estava no chão gritando por socorro e eu passando a menos de 2 metros da mesma não a vi e nem ouvi. Foi uma experiência terrível e admito que me senti acabado por isso.). "Como o confessava outrora diante do parlamento inglês um ilustre ministro e como nós em breve demonstraremos, na sociedade atual o progresso da miséria é paralelo e adequado ao progresso da riqueza, fato que anula completamente o mérito da economia política." (Proudhon em "Filosofia da Miséria")

Nós socialistas erramos em focar tanto a tomada de poder e esquecer a tomada dos corações e mentes (sem ser com o objetivo de ganhar apoio, mas para libertar as pessoas e permitir que elas voltem para a humanidade plena), erramos em esquecer a velha lição jacobina sobre a "República das Virtudes", erramos por não percebermos algo que é falado desde tempos remotos. Ex.: Essa nossa desumanização e o nosso opressor interno estão plenamente explicadas no simbolismo de Adão e Eva sobre a corrupção humana e o já nascermos pecadores e necessitarmos da santificação (romper com o paradigma falido e usado até hoje).

Tomar o poder sem revolucionar o próprio ser humano, será perda de tempo e cedo ou tarde veremos o retrocesso (como a história tem mostrado nas experiências revolucionárias). Não estou sendo idealista, mas o materialismo puro (que ignora o poder das idéias) é insustentável.

Uma música que acredito ter muito a ver com esse tema é a música "Where is the love?" do grupo Black Eyed Peas:

É por isso que afirmo, se não trabalharmos para transformar os corações de pedra em corações de carne, se não retirarmos a competição da base de nossa sociedade e substituirmos a mesma pelo apoio mútuo... Bom, nesse caso não haverá revolução, teoria política/econômica que se sustente. Entendem o que faz o descaso com a educação integral do cidadão não ser mera coincidência? Entendem o que faz com que sejamos empurrados cada dia mais para situações que facilitam nossa desumanização?

Obs. 1: Não acho que toda a competição é necessariamente ruim, os esportes nos mostram muito bem isso, mas é sempre ruim quando a competição é a base da sociedade.

Obs. 2: Esse tema evidentemente não acaba aqui...

0 comentários:

Postar um comentário