Existe amor ao dinheiro?

on segunda-feira, 12 de maio de 2014
Muitas vezes ouvimos falar sobre "amor ao dinheiro": "o amor ao dinheiro é a causa de todos os males (ou ao menos dos principais)", ... Mas será que já refletimos bem sobre o que poderia ser isso?

Mesmo a famosa fala de Jesus Cristo não usa "amar o dinheiro" e sim "servir ao dinheiro" como pecado, o que é inquestionável.
Primeiramente devo informar que não sei dizer se existe verdadeiramente o AMOR ao dinheiro, mas se existir creio que pensamos ele de forma muito equivocada, por mais estranho que possa parecer para um cristão socialista com certas inclinações franciscanas (São Franscisco e Santa Clara são meus padrinhos de batismo e eu já fui associado franciscano da Igreja Anglicana, mas isso é outra história).

Vamos lá...

O primeiro ponto é que pode haver uma disputa sobre se existe amor por coisas ou apenas por pessoas, como professor de geografia vou recorrer ao conceito de topofilia (afeto por um espaço em especial, amor por um lugar) para afirmar que isto é possível, assim sendo abrirei mão de outros exemplos para considerar esse ponto já sem necessidade de maiores debates.

O segundo ponto é entendermos o que é o amor... Alguém lembra do caso Eloá? Creio que ninguém será louco de considerar que o sentimento do ex-namorado pela menina fosse de fato AMOR:
http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2012/02/13/lindemberg-passou-a-perseguir-eloa-apos-o-fim-do-namoro-diz-amiga-da-vitima.htm

Se o sentimento de Lindemberg por Eloá seria classificado pela grande maioria das pessoas como um desejo egoísta de posse e não como amor, me parece muito pouco lógico dizer que se existe verdadeiramente algum "amor ao dinheiro" ele possa ser considerado como esse mesmo sentimento.

O VERDADEIRO amor ao dinheiro, não seria esse pseudo-amor egoísta de posse e acúmulo, na verdade o VERDADEIRO amor ao dinheiro (quem se sentir mais confortável pode falar em um amor ao dinheiro aceitável dentro da concepção cristã) seria aquele que quer o seu dinheiro melhor empregado para o bem-estar coletivo. Quem ama de fato uma propriedade da família? Aquele que quer deixar ela trancada para que ninguém use (ou até use mais não o tanto quanto poderia) ou aquele que faz daquela propriedade um ativo centro filantrópico e ou cultural?

Veja bem, essa concepção estava um pouco nos discursos de John Davidson Rockefeller (não estou entrando no mérito sobre sua vida ou se ele de fato cumpriu isso) e até o rev. John Wesley (http://www.metodistavilaisabel.org.br/docs/SERMAO_50.pdf) que viveu de forma muito modesta e piedosa.

Claro, não vamos confundir esse amor ao dinheiro (ou seria melhor falarmos em amor COM o dinheiro?) e o "amor ao dinheiro" vulgarmente falado ou mesmo o que aparece no versículo bíblico: "Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores. Mas tu, ó homem de Deus, foge destas coisas, e segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a paciência, a mansidão." (I Timóteo 6:10-11).

Ou seja, quem quiser amar e ter dinheiro, ou quem valoriza de fato o dinheiro como materialização de seu trabalho (coisa tão difícil nessa atual sociedade onde quem de fato mais trabalha por ela não recebe quase nada e enquanto isso especuladores e corruptos que nada tem para acrescentar a sociedade vivem lucrando fartamente), vai querer que o máximo o possível do seu dinheiro sirva para o bem-estar geral (tanto através do Estado quanto através do voluntariado).

Encerro retornando ao ponto inicial que dizia que não afirmo a existência de tal amor, mas que se existir verdadeiramente um amor ao dinheiro legítimo será esse de querer que ele seja usado para o bem geral.

Ahh sim e antes que alguém fale em adorar dinheiro, de fato aí sim a coisa fica feia pois adorar vai muito além de amar (até por isso a restrição bíblica de adorar apenas a Deus)... Sim, quem adora ao dinheiro ou ama o dinheiro com um amor egoísta, nada mais é que um escravo/servo do dinheiro e aí todos os males podem ocorrer.

0 comentários:

Postar um comentário