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A mística como chave para a resolução dos conflitos sobre gênero na Teologia.

on domingo, 27 de outubro de 2019
A mística como chave para a resolução dos conflitos sobre gênero na Teologia.
Revdo. Morôni Azevedo de Vasconcellos (Igreja Episcopal Anglicana do Brasil)
Quando lemos o relato da criação no Gênesis, é importante fazermos algumas considerações sobre Adão. Primeiro que para o próprio judeu, Adão e Eva não eram seres individuais e sim a representação da coletividade humana (a palavra Adão em hebraico quer dizer simplesmente Homem e não um nome de alguém). Independente disso, os antigos judeus já falavam que o primeiro Adão foi criado andrógeno, ou seja homem e mulher (Gênesis 1:27), por isso que Deus criou a humanidade a sua imagem e semelhança, pois ele não é nem homem e nem mulher.
Ele estava no paraíso e o fruto paradisíaco crescia nele. Ele era um só ser humano, e não dois. Era o homem e também a mulher, e devia gerar da partir de si um reino angélico. E isso era possível, pois ele não tinha uma carne e um sangue tais quais depois da queda, quando teve vergonha diante da Majestade de Deus. Ele tinha uma carne e um sangue supracelestes! Suas essências eram santas: sem que seu corpo rasgasse, ele podia gerar uma imagem tal qual ele era. Afinal, ele era uma virgem sem forma feminina, conforme a forma da [virgem] eterna] (BOEHME, 2017, p. 152-153).
Por vezes, dada a nossa limitação da linguagem tendemos a falar de Deus com termos masculinos como Pai, porém Jesus mesmo usou termos femininos para se referir a sua divindade (vide a maternidade e não a paternidade de Deus presente na metáfora da galinha em Mateus 23:37/Lucas 13:34), porém ele não raro é associado com a Sabedoria divina, que segundo o luterano Jacob Boehme (2017): “... a imagem da Virgem eterna existia na substancialidade divina e eterna – em verdade sem ser; mas no homem Cristo ela veio em ser.” (p. 140); Considera bem isto: o Verbo de Deus, a palavra do Pai, veio sobre a cruz em Maria – entende: na Maria terrestre. Ora, onde a Palavra está, lá está a Virgem eterna, pois a Palavras está na Sabedoria e a Virgem da eternidade também está na Sabedoria, e uma não está sem a outra, pois, do contrário, a eternidade seria dividida.” (p. 140-141).
A Shekhinah, a presença divina (feminina) é geralmente associada ao Espírito Santo (MORAES, 1995). Mas, como diz uma história taoísta: O dedo que aponta a lua é importante para apontar a lua, mas não é a própria lua.
No comentário escrito pelo renomado rabino Arieh Kaplan, em sua edição do Sêfer Ietsirá, inclusive coloca que o nome Jah (contração de Javé ou YHWH) possui em si o He (feminino) do entendimento e o Yod (masculino) da sabedoria. Ainda conta uma passagem, que segundo ele foi usada até por rabinos posteriores para justificar que a inseminação artificial não se tratava de incesto ou adultério, em que Jeremias teria tido relações homossexuais em uma banheira e que posteriormente sua filha teria se banhado na banheira e engravidado do sêmen que ele ejaculou por lá, dando origem a Ben Sirá. Filho de Jeremias com sua filha, porém sem qualquer relação sexual entre ambos.
Aliás, falando ainda em Cabala, a Árvore da Vida que representa essa manifestação divina, os vários planos associados na chamada “Escada de Jacó” e o próprio adão perfeito apresenta três colunas, a masculina, a feminina e a “neutra”. A própria “Escada de Jacó”, elemento central na Cabala Toledana, é a sobreposição de 4 árvores da vida (1 árvore em cada plano: Azilut, Beriah, Yezirah, Assiyah) sendo que, conforme Halevi (2006), apenas nos planos mais baixos que Adão começa a se dividir, sendo em Yezirah o início dessa divisão e só em Assiyah (onde segundo o autor nós somos a encarnação de Adão) é que a a divisão por gênero. O Adão dos níveis mais puros (planos angélicos) continua sendo adrógeno, não é por isso que dizemos que uma discussão inútil é discutir o sexo dos anjos? De fato eles não existem e isso demonstra um estado de pureza não-binária entre os anjos e que Cristo promete ser o destino final da humanidade remida (Mateus 22:30).
Este primeiro Adão (Adam Kadmon), que no projeto de Deus era um só e foi criado inicialmente como um só, é divido em dois: Adão e Eva (FRANKIEL, 2009). A prova de que se tratava de um único ser, como alerta Araújo e Oliveira (2013), é que o homem recebe o mandamento em Gênesis 2:17 e depois é que a mulher é separada dele (Gênesis 2:21), porém, logo em seguida chega a serpente para enganar Eva e ela já sabia dos mandamentos divinos, demonstrando que ela era um só ser com o Adão anterior e portanto havia recebido nele o mandamento divino.
Vemos a humanidade começando a se partir, a se dividir e vivendo em sua incompletude (pra Boehme, a queda começa aí e não apenas no fruto proibido). Veja que quando entendemos assim, a ideia de superioridade de um sexo sobre o outro se mostra absurda, já que ambos são metades complementares. Eva é parte de um primeiro Adão (Kadmon significa primeiro, original) ao se separar surge um outro Adão (esse sim masculino) e Eva (feminino), até a separação ser na costela representa igualdade (se fosse superioridade seria na cabeça e inferioridade seria nos pés).
Essa não é a única separação que é possível vermos na história de Adão e Eva, o único se torna dois que se tornam mais (os descendentes) e assim a humanidade vai se fragmentando cada vez mais em mais e mais diferenças e grupos, muitas vezes se enfrentando como Caim e Abel. Todas as identidades (raciais, culturais, de gênero, etc) vem dessa divisão adâmica. A humanidade, antes unida, um vaso na mão do oleiro se parte com a queda em diversos cacos pequenos.
Como cristãos, nossa ideia é nos tornarmos novamente um só corpo e um só espírito, como partes desse novo Adão (Cristo). Em Cristo não há divisões, não há acepções de pessoas, não a desigualdades, pois “Não há judeu nem grego, escravo nem livre, homem nem mulher; pois todos são um em Cristo Jesus.” (Gálatas 3:28).
O próprio casamento, nesse contexto, é visto como o anseio da humanidade de se reunificar, tornar-se novamente uma só. O interessante é que outros povos tinham mitos sobre um ser andrógeno original, que partiu-se em 2 (homem e mulher) e que os casamentos até hoje seriam a tentativa de se reencontrar a metade perdida (aliás, daí surge o conceito de Alma Gêmea). Os gregos diziam que os seres andrógenos separados davam origem aos casais heterosexuais, os seres não-binários/andrógenos, agora partidos em dois, davam origem aos casais homossexuais. O fato de ser tão disseminada a ideia de uma humanidade una que se parte, dando origem as diferenças de gênero e o casamento como a reconstrução da unidade perdida, nos revela que tem uma verdade muito profunda e que de certa forma Deus deixou na mente de toda a humanidade.
Como conciliar essa sacralidade da união sexual-afetiva do casamento com a ideia já citada anteriormente de Mateus 22:30 de que a perfeição não-binária dos anjos é também assexual/arromântica? Basta lembrar que em Mateus 22:30, Jesus está falando do céu onde unidade já foi reestabelecida, o casamento aqui é uma tentativa (ou parte do caminho) de reestabelecer essa unidade e portanto devemos fugir das ideias equivocadas que demonizam o corpo e os relacionamentos, pois o corpo também é criação de Deus e o próprio Deus se fez carne para nossa salvação. Não é atoa que as escrituras possuem um livro de caráter sexual-afetivo (cântico dos cânticos), místicos de várias religiões usaram o sexo e a união amorosa como símbolos da união mística com a divindade e a própria redenção cristã usa a metáfora sexual-afetiva do casamento (a Igreja é vista como a esposa de Cristo), aliás é nesse casamento da Igreja que a humanidade se reunifica no novo Adão (Jesus) que novamente rompe com as divisões de gênero (e todas as outras divisões).
Resgatar toda essa diversidade da mística judaico-cristã (cabala, pietismo, rosacrucianismo, alquimia espiritual, etc) não só irá enriquecer nossa visão teológica, mas fornecerá armas eficazes, sustentadas na tradição cristã e nas escrituras contra o fundamentalismo anti-bíblico que nos ataca cada dias mais. Lembrando que estas concepções estão presentes desde a origem de nossa fé* e reaparecem em diversos movimentos (como os citados) ao longo da história da Igreja (da antiga Israel até a Nova Israel), portanto longe de um modismo heterodoxo, é recuperar o próprio sentido original das escrituras e das nossas crenças. Muitas dessas ideias tem sido absorvidas por outros grupos (esotéricos, ocultistas e etc), pois a igreja cristã tem esquecido deles e como nos é lembrado pelas escrituras: “Digo-vos que, se estes se calarem, as próprias pedras clamarão.” (Lucas 19:40).


* Swedenborg (2008) ainda falará que 4 estilos da escritura, sendo o segundo o sentido histórico, o terceiro profético e o usado pelos salmos de Davi (que fica entre os dois anteriores e que trata da pessoa interior). O autor ainda atribui ao desconhecimento do sentido espiritual a falta de compreensão sobre o Apocalipse e outros textos das escrituras. Sobre o primeiro, o espiritual ele diz nas páginas 69 e 70:
Em geral, no Verbo, há quatro estilos diferentes. O primeiro era empregado na Igreja mais antiga. Sua maneira de se expressar era tal que, quando mencionavam coisas terrenas e mundanas, pensavam nas coisas representativas, mas as combinavam numa espécie de séries históricas para lhes atribuir mais interesse e animação. […] Estas coisas representativas em Davi se chamam “enigmas da antiguidade” (Sl 78.2). Moisés possuia os enigmas sobre a criação, o jardim do Éden etc., até o tempo de Abraão, descendentes da Igreja mais antiga.


Referências:
ARAÚJO, Leonardo Oliveira de; OLIVEIRA, Marlanfe Tavares. Cabala Cristã. 1 ed. Lisboa: Chiado Editora, 2013. 109 p.
BOEHME, Jacob. A Grande Revelação do Mistério Divino. 3 ed. São Paulo: Polar, 2007. 172 p.
BOEHME, Jacob. A Vida Tripla Do Ser Humano. 1 ed. São Paulo: Polar, 2017. 376 p.
FRANKIEL, Tamar. Cabala: Uma Breve introdução para cristãos. 1 ed. São Paulo: Pensamento, 2009. 240 p.
HALEVI, Z´ev ben Shimon. Adam and the Kabbalistic Trees. revised ed. Londres: Kabbalah Society, 2006. 297 p.
KAPLAN, Arieh. Sêfer Ietsirá. 3 ed. São Paulo: Sêfer, 2015. 381 p.
LEVI, Eliphas. As Origens da Cabala. 1 ed. São Paulo: Pensamento, 19**. 137 p.
MORAES, Regina. A Cabala Cristã. 1 ed. Rio de Janeiro: Record, 1995. 249 p.
SWEDENBORG, Emanuel. Arcana Coelestia e Apocalispsis Revelata. 1 ed. São Paulo: Hedra, 208. 172 p.



Este trabalho foi apresentado no dia 26/10/19 no Seminário Gênero, Sexualidade e Fé realizado na Igreja da Comunidade Metropolitana no Rio de Janeiro.

Material apresentado
Texto apresentado: https://drive.google.com/open?id=1IauKcAlEnwZfz58HJnrbW0KA3xLorFiX
Slides: https://drive.google.com/open?id=1xlgXOiRg1mK0nfMemrggNqJYszUbwJvP

Carnaval: Festa Cristã.

on quarta-feira, 6 de março de 2019
Existe um famoso samba-enredo da G.R.E.S. União da Ilha do Governador chamado "Festa Profana" (1989 reeditado em 2005 pela G.R.E.S. Unidos do Porto da Pedra), que associa o carnaval com antigas festividades, em especial pagãs. Nada nesse mundo tem apenas uma origem, sem estar em birra com esse clássico samba que ainda anima as festas pelo Brasil inteiro e leva muitos a "tomar um porre de felicidade", que tal mostrar um outro lado do carnaval? Eu poderia começar lembrando de Jesus elogiando a fé do centurião "pagão", que seria maior que a da ortodoxia de Israel (Mateus 8:5-13).

É importante lembrarmos que o carnaval, como conhecemos hoje, é marcado pelo calendário litúrgico cristão, o que faz com que cada ano ele caia em uma data diferente, pois ele depende do início da Quaresma (que se iniciou hoje com a quarta-feira de Cinzas). Sendo assim o carnaval marca o fim da quadra da Epifania (quadra festiva em que se comemora a manifestação de Deus, em Cristo, no mundo) e antecede a penitencial Quaresma. Recentemente li um fundamentalista associando o carnaval com os cultos afro-brasileiros, sendo que apesar da presença forte deles nos carnavais (até pelos terreiros e pelas escolas de samba tradicionalmente acolherem os excluídos que Cristo não excluiria, mas as igrejas muitas vezes sim).

É interessante que, liturgicamente, as festividades do carnaval e o seu "porre de felicidade" ocorram durante a Epifania, talvez para nos lembrar da manifestação do Cristo que é chamado de beberrão e comilão, que festeja com seus amigos que são pecadores e prostitutas (Mateus 11:16-19, Lucas 7:31-50, etc).

Famosa citação de Dom Hélder Câmara (foto da internet)
Em 2019 eu desfilei pela G.R.E.S Renascer de Jacarepaguá, e muitos me perguntaram sobre um cristão pular o carnaval e especialmente por eu ter saído em uma escola que falava sobre a festa de Iemanjá na Bahia (Dois de Fevereiro no Rio Vermelho) e a minha ala usava a fantasia do Orixá Oxossi. Primeiro que o desfile das escolas de samba é um grande teatro ao ar livre, portanto ali estão retratados elementos da cultura popular e os que ali desfilam estão como que atuando em um peça, portanto qualquer que fosse a fantasia ou tema encenado era irrelevante para a crença de quem desfila (até por só ser possível se fantasiar ou interpretar o personagem que não se é, um evangélico vestido de padre está fantasiado no carnaval, um ator vestido de padre está atuando, um padre vestido de padre é apenas ele mesmo).
Oxossi - Ala 7 da Renascer de Jacarepaguá (2019)
Outro ponto é que eu tenho uma ótima relação com pessoas de todas as religiões e defendo o diálogo inter-religioso, mesmo quando não é a minha crença, eu respeito e convivo bem com todos e creio que isso é fundamental para a cultura de paz e para a nossa sociedade. Até pelo simples motivo de que, como cristão, não creio que a salvação de alguém dependa de algo que nós façamos ou deixemos de fazer e isso inclui a adesão ou não a uma confissão mais ou menos ortodoxa. Não é denominação e nem a doutrina que salva, antes é a graça de Deus que atua através da fé (que não é algo humano e nem se confunde com a adesão a determinada crença).

Mas, infelizmente, o carnaval de 2019 teve várias cenas de intolerância por parte de grupos fundamentalistas conta a escola de samba de São Paulo, a Gaviões da Fiel. A polêmica começou quando em uma encenação supostamente Jesus seria vencido pelo diabo. Sendo que na realidade o Jesus/Santo Antão ali representado, até sofre nas mãos do diabo, mas não é vencido (o Bem vence o mal no fim da encenação). Se algum cristão tem dúvidas da profunda verdade teológica dessa encenação, então precisa rever a história da Quaresma e da Paixão de Cristo, bem como tudo o que Santo Antão sofreu em seus combates contra o diabo. Os fundamentalistas contaminados pela Teologia da Prosperidade esqueceram da cruz de Cristo e pregam eles sim doutrinas que estão mais próximas do inimigo do que de Cristo como a sã teologia demonstra (I Coríntios 1:22-25).

Parte final da encenação da Gaviões da Fiel. Fonte: Veja
Esquecendo um pouco os fanáticos fundamentalistas, que não merecem nem receber algum espaço neste blog, inclusive tendo alguns espalhado a notícia falsa de que alguém envolvido na coreografia teria morrido por castigo divino (lembrando que o Diabo é o pai da mentira e que ele é que guarda ódio dos outros e tenta se vingar, não Deus), o ano de 2019 teve alguns temas cristãos bem fortes e presentes nos desfiles das escolas de samba, especialmente na G.R.E.S Unidos da Tijuca (7ª colocada no Grupo Especial em 2019) e na G.R.E.S. Estácio de Sá (campeã do Grupo A em 2019):




É bem verdade que a Estácio faz uma menção a Obatalá (Oxalá) que é sincretizado na Umbanda com Jesus, mas além de ser bela essa menção de como Jesus é lembrado em outras religiões (ao seu modo), também é bela essa convivência harmônica entre as diversas crenças que o carnaval proporciona (e que deveria ser comum no cotidiano). Aliás, tal mistura harmoniosa não é nova e já foi feita por Gilberto Gil na música "Oração pela libertação da África do Sul"

Que Deus permita a maior presença cristã no carnaval (e não estou falando do "carnaval gospel"), a maior tolerância e respeito entre as diversas religiões e que os cristãos sejam mais o reflexo do Cristo que andava com excluídos e pecadores, andava nas festas e menos o reflexo dos mal-humorados fariseus. Em nome de Jesus. Amém.

O slogan idólatra de candidatos fundamentalistas.

on quinta-feira, 4 de outubro de 2018

Sabemos que o atual candidato queridinho do meio "evangélico" fundamentalista (e do meio "católico" que acha que está na idade média, mesmo desobedecendo o Vaticano e a CNBB) é o candidato a presidente Jair Bolsonaro.


Jair tem usado o slogan "Brasil acima de tudo, Deus acima de todos" e outros políticos fundamentalistas copiaram o slogan (até para tentar surfar na onda e arrecadar alguns votos). Porém, eles (que querem misturar religião com política) e que se dizem cristãos (mesmo que as suas atitudes já sejam questionáveis) nem ao menos se dão conta que estão cometendo o pecado de idolatria com esse slogan blasfemo.

Jair é apenas alguém que de última hora inventou uma religiosidade de fachada para tentar ganhar votos, se diz católico mas foi rebatizado (algo que o tornaria excomungado dentro do catolicismo) por um pastor evangélico em Israel (a necessidade de ir em Israel pra se batizar já seria um indício de superstição e uma certa idolatria), e recentemente foi desmascarado em sua falta de conhecimento bíblico por Marina Silva (essa sim evangélica de verdade e defensora do Estado Laico, uma conquista protestante) com Jair ainda soltando a pérola falando sobre o "livro de Paulo" (sendo que nem existe tal livro na Bíblia, existem algumas cartas do Apóstolo Paulo e mesmo assim não tem qualquer ligação com o que o candidato estava tentando dizer). 


Admito que de cara me choquei com o slogan mas, para me certificar que não estava com implicância sobre ele, entrei em contato com alguns amigos especialistas em linguística e me confirmaram que o que eu havia falado tinha razão. A palavra tudo se refere a absolutamente tudo (pessoas, coisas, etc), a palavra todos se refere a pessoas e etc. Ao falar Brasil acima de tudo, Deus acima de todos, até está colocando Deus acima dos seres humanos, mas o Brasil ainda aparece acima até de Deus. 

Lembrando que o pecado da idolatria não é a construção de imagens, mas colocar algo no lugar ou acima de Deus. Sendo assim, esse slogan é idólatra por si só. Para o cristão, o Brasil não está acima de tudo, O Deus Trino e Uno, seus mandamentos, a "pátria celestial", o amor por toda a humanidade estão acima de nosso amor pelo nosso país. 



Além disso, embora o nacionalismo (valorização da cultura e da sociedade em que você nasceu) seja compatível com o cristianismo e até piedoso na medida em que não seja xenófobo, colocar o Brasil acima de tudo já incompatível com uma religião universal (esse é o sentido da palavra católico quando o credo niceno fala Creio na Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica) que está aberta para todos os povos. Não é possível colocar o Brasil acima de tudo, não poderemos aceitar que o Brasil lucre sobre a desgraça de outros povos (Por exemplo), por isso precisamos acolher imigrantes, precisamos ter uma política externa que privilegie o respeito ao bem comum e a dignidade da pessoa humana do que o próprio lucro de nosso país, etc. 


Imagem: http://m.arede.info/ponta-grossa/206748/outdoor-de-bolsonaro-e-pichado-em-ponta-grossa
Mesmo que você apoie tais candidatos, o que eu já acho que deveria ser revisto, não deixe de ser crítico com esse slogan caso você se considere cristão e com as consequências de tal slogan. Bem como, pense o motivo real de algumas lideranças religiosas usarem Deus para promover alguns candidatos, mas não darem a mínima para quando slogans e propostas afrontam diretamente os mandamentos divinos.

CRISE, PECADO E OPRESSÃO NO RIO DE JANEIRO PÓS-OLÍMPICO.

on sexta-feira, 18 de maio de 2018
Conheça o CEBI: https://www.cebi.org.br/

*Publicado na Revista "Por Trás da Palavra" do CEBI (Centro de Estudos Bíblicos) de Novembro/Dezembro de 2017, Ano 35, nº 332.
Se existe um exemplo emblemático de toda a crise política, econômica e social no Brasil, de fato é o Rio de Janeiro (tanto a cidade quanto o Estado). O Rio de Janeiro viveu recentemente a euforia da Copa do Mundo (2014) e das Olimpíadas (2016), grandes eventos internacionais que porém pouco ou nenhum benefício deixaram para o seu povo, mas deixaram muitas mazelas como legado contra o povo mais humilde: “Os justos levam em conta os direitos dos pobres, mas os ímpios nem se importam com isso.” (Provérbios 29:7).
No preparativo para tais eventos já era nítido a quem os governos estavam servindo e que não era ao povo mais humilde e sim ao capital especulativo. De fato não é possível servir a Deus e ao dinheiro (Lucas 16:13) e nossos governantes, bem como as elites que os sustentam, não tardaram a escolher o seu lado. A política de remoções de comunidades carentes para abrir espaço para a especulação imobiliária, que parecia sepultada na tenebrosa era Lacerda, foi a tônica dos preparativos com várias comunidades sofrendo com os despejos: Vila Autódromo, Asa Branca, …
A especulação imobiliária, o problema da concentração das terras e casas nas mãos de poucas pessoas, que acabam empurrando os mais pobres para localidades mais distantes visando atender os interesses das classes privilegiadas, já era denunciada pelos profetas bíblicos: “Ai dos que ajuntam casas e mais casas, dos que acrescentam um campo a outro, até que não haja mais onde alguém possa erguer sua casa, e eles se tornem os senhores absolutos da terra!” (Isaías 5:8).
Tanto a remoção não privilegiava o povo, como não era necessária, que com muita luta alguns moradores da Vila Autódromo conseguiram continuar a morar no mesmo local. Igualmente, nota-se que não era apenas por conta dos grandes eventos, já que após os mesmos, o fantasma das remoções retorna quando a prefeitura ameaça remover os moradores da comunidade do Rio das Pedras (comunidade humilde que fica ao lado áreas nobres da capital fluminense como o Itanhangá, Alto da Boa Vista e Barra da Tijuca).
Falando em lutas, desde as jornadas de protesto em 2013, passando pela luta dos moradores contra as remoções, a luta dos servidores públicos para receberem os seus salários, as lutas contra os leilões do pré-sal e tantas outras, a resposta das autoridades é sempre a mesma: repressão. A violência contra o povo se viu em um nível alarmante, protestos pacíficos foram reprimidos com um sadismo assustador, a violência era a arma para tentar calar o povo (sempre foi, não é atoa que seguimos o Cristo crucificado com seus discípulos martirizados pelo grande Império), não é atoa que diz a Bíblia: “Como um leão que ruge ou um urso feroz é o ímpio que governa um povo necessitado.” (Provérbios 28:15).
Como resultado do pós-olimpíadas, além de obras faraônicas subaproveitadas como a vila dos atletas na Ilha Pura (que continua sem uso), o Centro Olímpico subaproveitado, sistemas de transportes mal planejados (ou melhor, planejados de acordo com os interesses das empresas e não com os interesses do povo), vieram as notícias que todos já sabíamos: os esquemas de corrupção (alguns ligados a realização dos eventos) e os gastos exorbitantes com estruturas desnecessárias levou a falência econômica do Estado do Rio de Janeiro e uma forte crise na capital do mesmo.
Com a crise, os governos novamente optaram por cortar gastos, porém não fizeram o corte no uso indevido do dinheiro público, e sim resolveram realizar cortes nos repasses para a saúde, educação e outras áreas, chegando a cortar o salário dos servidores estaduais que estão a meses sem receber o que lhes era devido. Meses sem salário, sem o sustento, levando a muitos servidores passarem fome, serem despejados e passarem por várias outras situações terríveis, alguns inclusive morreram nesse período por problemas de saúde que possivelmente foram agravados por todo o estresse e necessidades gerados pela falta do sustento mais elementar para si e para os seus, como no provérbio bíblico: “Quando os justos governam, alegra-se o povo; mas quando o ímpio domina, o povo geme” (Provérbios 29:2).
Enquanto os servidores amargam meses sem receber o seu sustento e o povo amarga a falta de serviços públicos dos mais básicos, o Estado do Rio de Janeiro tem seus 3 últimos governadores presos por envolvimento em escândalos de corrupção, vivendo vidas de luxo as custas do sangue e do suor do povo de Deus, além deles secretários e deputados se encontram na mesma situação (e olha que vários colegas deputados continuaram tentando manter os corruptos livres, enquanto mandavam a polícia para reprimir o povo que protestava contra os absurdos), de fato, parece-nos que o apóstolo Tiago escreveu para o nosso Estado e seus líderes:
Ouçam agora vocês, ricos opressores! Chorem e lamentem-se, tendo em vista a miséria que lhes sobrevirá. A riqueza de vocês apodreceu, e as traças corroeram as suas roupas. O ouro e a prata de vocês enferrujaram, e a ferrugem deles testemunhará contra vocês e como fogo lhes devorará a carne. Vocês acumularam bens nestes últimos dias. Vejam, o salário dos trabalhadores que ceifaram os seus campos, e que por vocês foi retido com fraude, está clamando contra vocês. O lamento dos ceifeiros chegou aos ouvidos do Senhor dos Exércitos. Vocês viveram luxuosamente na terra, desfrutando prazeres, e fartaram-se de comida em dia de abate. Vocês têm condenado e matado o justo, sem que ele ofereça resistência.” (Tiago 5:1-6)
Como nas diversas crises relatadas nas Escrituras, que tiveram o pecado e a maldade como origem, Deus levantou profetas no meio de seu povo, Deus está nos chamando para denunciarmos tudo o que está ocorrendo em nossa terra e com o nosso povo. Que Deus tenha misericórdia de nós todos. Amém.

Por Professor Morôni Azevedo de Vasconcellos
Professor de geografia, teólogo, especialista em geografia do Brasil, mestre em educação e postulante ao ministério ordenado na Igreja Episcopal Anglicana do Brasil.



MANIFESTO SOBRE A ATUAL CONJUNTURA DO RIO DE JANEIRO

on quarta-feira, 16 de maio de 2018
Igreja Episcopal Anglicana do Brasil
Diocese Anglicana do Rio de Janeiro
Conselho Diocesano
Rio de Janeiro, 04 de Dezembro de 2017


MANIFESTO SOBRE A ATUAL CONJUNTURA DO RIO DE JANEIRO


Os justos levam em conta os direitos dos pobres, mas os ímpios nem se importam com isso.” (Provérbios 29:7).


Nós, membros do Conselho Diocesano da Diocese Anglicana do Rio de Janeiro, em conjunto com nosso bispo diocesano, Dom Eduardo Coelho Grillo, vimos por meio deste, nos manifestar sobre a conjuntura política, econômica e social vivenciada pelo Estado do Rio de Janeiro e pela Cidade do Rio de Janeiro, confiantes que estamos assim, cumprindo uma pequena parte do papel profético que Deus nos comissionou, ao nos opormos aos males que estão causando tanto sofrimento ao povo de nossa cidade e de nosso Estado.
O Rio de Janeiro vivencia uma crise sem precedentes em sua história, crise esta, justamente no cenário pós Olimpíadas e Copa do Mundo, grandes eventos que foram realizados sob a lógica do lucro dos poderosos e não do bem-estar do povo em geral. Esses eventos, associados com um histórico de má gestão e pouco espírito republicano remetem ao cenário atual, onde os que mais sofrem é justamente o povo mais humilde, que vê negado o seu acesso aos serviços mais essenciais como saúde, educação, segurança e moradia.
Todos pudemos acompanhar estarrecidos, a uma recente votação na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (ALERJ), na qual os senhores deputados optaram por libertar seus colegas envolvidos em tantos escândalos de corrupção, passando por cima de toda a investigação realizada e da decisão do judiciário sobre o tema. A votação, cujo resultado era por si só lamentável, demonstrou claramente que os interesses dos governantes se afastaram completamente dos interesses do povo que os elegeu.
Foi coadjuvada por cenas lamentáveis de repressão brutal para com manifestações populares pacíficas, e, até de tentativas de impedir que o povo pudesse acompanhar a votação das galerias, muito embora com determinação judicial para que assim o fosse. Tudo isso, amplamente divulgado pela imprensa.
Ressalta-se que, este não foi o primeiro nem o único problema que nosso Estado tem enfrentado. Antes, acompanhamos a heróica resistência dos servidores públicos estaduais que estiveram com meses de salário atrasado, bem como, sem receber o seu décimo terceiro. Esses servidores, são alvo constante de propagandas na mídia em prol de reformas como a da previdência, que visam apenas massacrar ainda mais o povo trabalhador e sobre a qual a Igreja Episcopal Anglicana do Brasil já emitiu nota contrária a mesma.
Os servidores estaduais, muitas vezes, estão pagando para trabalhar e não deixar a população desassistida. Tem pagado a conta que não é deles.
Incompreensível é que, o mesmo governo que alega não ter recursos para pagar tais servidores, abre mão de inúmeras receitas importantes em favor de determinadas empresas que devem fortunas ao Estado.
Soma-se a tudo isto em nossa cidade e em nosso Estado, os recentes escândalos que vieram à tona relativamente às denúncias das relações promíscuas entre o alto escalão dos governos e as empresas de transporte público. O tema é de extrema sensibilidade em um Estado e em uma Cidade com sua mobilidade tão cara, ineficaz e que quase nunca é planejada visando os interesses dos usuários - os trabalhadores.
Enquanto os servidores amargam meses sem receber o seu sustento e o povo amarga a falta de serviços públicos dos mais básicos, o Estado do Rio de Janeiro tem seus 3 últimos governadores presos por envolvimento em escândalos de corrupção, vivendo abastadamente e com luxo, as custas do sangue e do suor do povo de Deus.
Além dos citados governadores, existem secretários e deputados que se encontram na mesma situação, tornando atual a advertência bíblica:
Ouçam agora vocês, ricos opressores! Chorem e lamentem-se, tendo em vista a miséria que lhes sobrevirá. A riqueza de vocês apodreceu, e as traças corroeram as suas roupas. O ouro e a prata de vocês enferrujaram, e a ferrugem deles testemunhará contra vocês e como fogo lhes devorará a carne. Vocês acumularam bens nestes últimos dias. Vejam, o salário dos trabalhadores que ceifaram os seus campos, e que por vocês foi retido com fraude, está clamando contra vocês. O lamento dos ceifeiros chegou aos ouvidos do Senhor dos Exércitos. Vocês viveram luxuosamente na terra, desfrutando prazeres, e fartaram-se de comida em dia de abate. Vocês têm condenado e matado o justo, sem que ele ofereça resistência.” (Tiago 5:1-6)
No município do Rio de Janeiro, vemos também diversos problemas. O primeiro deles está na condução da saúde pública municipal, com diversos cortes e sem revisar algumas políticas que já se mostraram ineficazes (como a adoção das OSs com todos os escândalos que já foram fartamente denunciados pela imprensa).
Outro problema que vem assolando a nossa cidade é o retorno do fantasma das remoções, a política fracassada de remoções de comunidades que já parecia sepultada em um passado remoto, foi retomada com toda a força durante a preparação para a Copa do Mundo e as Olimpíadas do Rio de Janeiro, o que por si só já seria demasiadamente infeliz.
Esclareça-se que, a mesma política de remoções parece se intensificar, vez que, a comunidade de Rio das Pedras, em Jacarepaguá, vem sofrendo com constantes ameaças, sendo tais ameaças, monitoradas por nossa missão naquele local.
Declaramos neste Manifesto o nosso repúdio contra as autoridades que são os responsáveis do sofrimento deste povo que não consegue atendimento no sistema de saúde público já precarizado, que não está protegido por uma política pública de segurança que contemple os interesses de todos, que não tem acesso a escolas públicas de qualidade e que nem recebem a justa remuneração pelos seus serviços prestados para o conjunto da sociedade.
Solidarizamo-nos com a população fluminense e carioca, como companheiros de luta na certeza de que a paz que tanto almejamos será fruto da justiça, a qual estamos aqui proclamando como parte do ministério que Cristo, nosso Senhor, nos outorgou.
Que o Cristo libertador fortaleça as lutas populares na defesa de seus direitos, e ilumine àqueles que as lideram nos anseios por justiça e paz.
Reverendo Bernardino Ovelar Arzamendia
Reverendo Antonio Terto Lima
Reverendo Daniel Rangel Cabral
Eliane Bacelar
Julio Reis Simões
Morôni Azevedo de Vasconcellos
CONSELHO DIOCESANO


Dom Eduardo Coelho Grillo

Desperdício: Trens da SuperVia leiloados como sucata!

on sábado, 25 de julho de 2015
Recebi recentemente, através da Associação Fluminense de Preservação Ferroviária, um e-mail de grande relevância do sr. Antonio Pastori e vou usar meu blog para ajudar na divulgação desta mensagem:

Prezado Secretário Osório,

Tenho recebido dezenas de e-mails de pessoas, e entidades preservacionistas, indignadas com o leilão de trens da Supervia, autorizados pelo Estado.

Indignados porque esse material foi considerado - erroneamente! - como inservível e será vendido a preço de sucata de ferro.

Ledo engano, pois essas "velhas caixas metálicas com rodas de metal", tem durabilidade secular (que o diga os Ingleses, com seus tesouros ferroviários preservados e em operação até hoje)  e podem ter serventia mais nobre antes de serem irremediavelmente picotas pelo maçarico.

Saiba, senhor Secretário, que uma das maiores dificuldades para implantação de dezenas de projetos de TTR-Trens Turísticos e Regionais, assim como projetos culturais, é a falta de material rodante. E o Governo do Estado está contribuindo para o agravamento desta dificuldade.

Para reforçar os argumentos acima, solicito a leitura do pequeno artigo abaixo.

At//

Antonio Pastori 

Trem velho não é sucata; é cultura e educação, por Antonio Pastori (*)


Mais um pouco da memória ferroviária do Estado do Rio vai desaparecer em breve. Cerca de 97 vagões, ou melhor, carros de passageiros das décadas de 60, 70 e 80, vão ser leiloados até o final de julho/2015 pela SETRANS - Secretaria de Transportes do Estado do Rio de Janeiro.
Esses carros serviram por muitos anos aos passageiros dos trens de subúrbio do Rio em momentos distintos operados por empresas distintas: Central do Brasil, CBTU, Flumitrens e Supervia. Um dos motivos de leilão é que, além do obsolescência do material rodante, os carros estão ocupando grandes espaços nos depósitos da Supervia em São Diogo e Deodoro, que precisam ser liberados para receber novos trens. Uma pena que após prestarem relevantes serviços tenham fim tão medíocre: virar sucata.

Não pense o leitor que trata-se de saudosismo piégas, pois esses carros poderiam ser reformados/adaptados para uso mais nobre, como por exemplo, bibliotecas, salas de educação para cursos de informática, oficinas de artesanato, escolinha de música, carpintaria, anfiteatro, café cultural, museu ferroviário, ponto de informações turística e mais uma dezena de usos - cadeia pública -, em face a enorme durabilidade, solidez e resistência ao tempo das suas caixas de ferro e aço, permitindo que durem ainda mais de meio século, mesmo se expostas ao tempo.

Segundo o Governo do Estado, os recursos arrecadados deverão ser reaplicados em melhorias no sistema de trilhos do Estado, o que será muito pouco vis a vis às demandas de investimentos bilionários que o modal ferroviário requer. O que será arrecadado nos leilões será muito pouco, pois cada carro pesa entre 15 e 20 toneladas e será vendido a preço de sucata de ferro (R$ 0,70/kg). 

Em suma, o que Estado deve arrecadar com a venda dos 97 carros deve ser inferior a um milhão de reais, quantia essa de pouca valia ao atual sistema ferroviário da RMRJ-Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Trata-se, portanto, de uma gota d'água no oceano.

Seria  muito importante que a SETRANS reservasse alguns desses carros  para uso mais nobre, conforme antes exemplificado nas fotos abaixo. 

Após reforma, seriam utilizados como Centro de Informações Turísticas e/ou Centro Cultural para preservação da memória ferroviária em cidades do Estado do Rio

Fica aqui a nossa sugestão na esperança de a ideia seja acolhida. Mas é preciso correr, pois o leilão deverá acontecer daqui há algumas semanas.


(*) pesquisador ferroviário e Vice-Presidente da AFPF-Associação Fluminense de Preservação Ferroviária Mestre em Economia e pós graduando em Eng. Ferroviária

















AS 30 moedas de prata do Senador Romário.

on sexta-feira, 20 de março de 2015
As 30 moedas de prata do Senador Romário Faria​.

Diz a Bíblia que Judas Iscariotes vendeu Jesus Cristo por 30 moedas de prata, traindo seus amigos mais próximos e seus próprios ideais.

Na política eu só me enganei/arrependi por duas vezes, a primeira foi quando votei em Jandira Feghali (PCdoB-RJ) em 2008 e a vi traindo tudo que falava no 1º turno ao apoiar Eduardo Paes no 2º turno, a segunda vez é agora com o Senador Romário.



Admito que errei duas vezes com Romário, a primeira foi quando ele se candidatou pela primeira vez e eu achava que seria mais uma celebridade para mamar nas tetas do governo... Errei, o deputado federal Romário fez um mandato exemplar e ainda por cima ajudou a libertar o PSB-RJ do Alexandre Cardoso que havia transformado o partido em apêndice do PMDB. Entrei no PSB neste período onde Romário trabalhava junto com o deputado federal Glauber Braga para reconstruir o PSB-RJ.

Infelizmente, sob o comando de Romário o PSB-RJ se enrolou administrativamente, levando a militância a eleger Glauber Braga com mais de 90% dos votos para a presidência do partido. Vendo sua candidatura ao senado ameaçada, apesar do acordo prévio com o finado Eduardo Campos, membros de uma torcida organizada do Flamengo invadem a convenção do PSB-RJ intimidando (deliberadamente ou não) os presentes e exigindo a candidatura do Romário ao senado. Até aí tudo ia bem...

Começou a campanha e a militância caiu dentro da campanha, ao contrário do que o Romário disse na mídia, aliás como pode ser provado pelas fotos da época em meu Facebook. A decepção no entanto começou não apenas com a ingratidão de Romário com a militância do partido, mas quando no segundo turno o Romário que teria lutado contra o PMDB e assinado uma nota favorável a greve dos professores contra Cabral/Pezão acaba apoiando Pezão (PMDB-RJ) no segundo turno e não o senador Crivella (PRB-RJ) como foi deliberado pela militância que fez até um ato de apoio ao Crivella (com fotos e manifestos publicados em meu facebook).


O que parecia ser apenas uma opção equivocada se mostrou mais do que isso, Romário passa a indicar cargos para governos do PMDB e elogia Eduardo Paes e ainda desejava votar naquele partido para a presidência do Senado. Romário trama a tomada do PSB-RJ na marra, se aproveitando de uma brecha estatutária que garante o direito da Nacional intervir e aproveitando que o deputado Glauber foi um dos poucos que foi contra a decisão da executiva nacional de apoiar Aécio Neves (PSDB) no 2º turno e que o PSB-RJ, que havia acabado de perder boa parte de sua estrutura no limite das eleições com a saída de última hora do grupo de Alexandre Cardoso, não havia conseguido alcançar a votação mínima para deputado federal que o estatuto exigia e em boa parte por culpa do próprio Romário que queria vir como senador enquanto a militância desejava que ele viesse como deputado federal para fazer uma bancada forte do PSB-RJ puxando votos.

Após longa briga entre a militância e a executiva nacional, finalmente, no dia de hoje o PSB-RJ está nas mãos do senador Romário e o mesmo que vinha num trabalho forte de um partido ideológico caminha novamente para o fisiologismo e personalismo da era Cardoso. Romário como Judas, após estar tão próximo do deputado Glauber Braga quanto Judas de Cristo, o entrega por 30 moedas de prata (sua sede de poder que ficou evidente após a sua vitória como senador)...



Descanse em paz PSB-RJ e parabéns para a militância que lutou até o último segundo, mas foi apunhalada pela direção nacional do PSB (partido este que morreu junto com Eduardo Campos) e pelo senador Romário que deveria representar os ideais desta militância e de todo o povo que o elegeu em uma coligação (Frente Popular) de OPOSIÇÃO aos que hoje Romário elogia... Judas se arrependeu, mesmo que tarde de mais, será que Romário também se arrependerá? Até lá a única coisa que dá para saber é que o peixe é traíra...

O IDEB: uma farsa que prejudica a educação.

on domingo, 21 de dezembro de 2014
Qualquer pessoa que entende um pouco de educação tende a questionar os índices usados para avaliar a educação, mas talvez muitas pessoas não tenham a ideia de que certos índices servem para fazer o certo parecer errado e o errado certo.

Recentemente uma das escolas na qual trabalho foi taxada em algumas notícias como a pior escola de Belford Roxo, não teria problema de admitir isso (como faço em outra escola) o problema é que isso não corresponde nem um pouco a realidade:

http://blogdolotexv.blogspot.com.br/2014/12/projeto-mpeduc-visita-escolas-em.html

http://mpf.jusbrasil.com.br/noticias/155481384/projeto-mpeduc-visita-escolas-em-belford-roxo-rj

http://noticias.pgr.mpf.mp.br/noticias/noticias-do-site/copy_of_direitos-do-cidadao/imprimir?&UID=bf87f85c1adc5addd78649b1f61635f2&keepThis=true&TB_iframe=true&height=400&width=700

De fato, no caso das condições precárias na estrutura física da escola, isto é uma realidade preocupante e que exigiria alguma atitude da prefeitura. Tal fato já foi denunciado em uma postagem do meu blog: http://professormoroni.blogspot.com.br/2014/04/a-via-crucis-na-educacao-publica.html

O meu problema é com um dos fatores que foi usado, a nota do ideb, onde os critérios para o cálculo podem ser vistos no site do Governo Federal:
http://portal.inep.gov.br/web/portal-ideb/como-o-ideb-e-calculado

Um dos critérios da nota é a taxa de aprovação, o que naturalmente já prejudica as escolas que trabalham com EJA (onde o nível de evasão é extremamente elevado), mas acaba considerando boas escolas que não se importam com o que os alunos aprendem (nada passam e nada cobram) e passam os alunos indiscriminadamente (mal sabendo ler) enquanto que escolas que primam por uma cobrança forte dos alunos acabam sendo taxadas como escolas piores por não saírem aprovando qualquer um.

OBS.: DE FORMA NENHUMA ESTOU DIZENDO QUE A ESCOLA ELOGIADA NA MATÉRIA SERIA UMA ESCOLA RUIM OU QUE NÃO TEM CRITÉRIOS PARA APROVAR SEUS ALUNOS. SERIA LEVIANO DA MINHA PARTE QUALQUER AFIRMAÇÃO DESTE TIPO, AINDA MAIS POR NEM CONHECER A ESCOLA.

Eu sou um professor que preza pelo que o aluno REALMENTE está aprendendo ou não, sendo assim me recuso a aprovar um aluno que aparece na escola apenas para atrapalhar os colegas e o professor. Para o IDEB sou um péssimo professor, mas sou excelente para a educação de verdade dos alunos, aliás sou um professor no modelo das escolas de excelência. Mas você pode perguntar: "Se você faz o mesmo que os professores de escolas de excelência, o que faz com que você não seja avaliado da mesma forma?" E a resposta é simples: As escolas de excelência, além de agirem desta forma, tem uma pré-seleção de seus alunos... Não é qualquer um que consegue estudar no Colégio Pedro II, CEFET, FAETEC, Colégio Militar e outras onde existe uma prova que separa os alunos interessados/preparados dos que não querem nada (algo que não é possível nas escolas convencionais onde todos são aceitos mesmo que não queiram estar ali) e isso vale até para colégios particulares tradicionais como o Colégio Santo Inácio ou São Bento onde os alunos podem ser expulsos com facilidade. Sendo assim, o segredo do sucesso de todos esses colégios de referência é acima de tudo o fato de que quem está lá em sua grande maioria realmente quer aprender e por sua vez eles são fortemente cobrados.

Em resumo, o IDEB (como vários outros índices) pode servir para a manipulação com fins políticos (fingir que a educação está progredindo): O sucateamento da educação pode ser premiado ao aceitar a aprovação automática, enquanto um trabalho sério de educação pode ser punido por fazer uma cobrança rigorosa dos alunos.

OBS.2: Não vou nem me aprofundar aqui em outro problema do IDEB que é o de privilegiar certas competências e ignorar outras, deixando de lado a variedade de ensinos possíveis. Alguém acha que uma escola que tenha uma ênfase maior em esportes (educação física) ou artes não pode ser uma escola tão boa quanto uma escola que tenha uma ênfase maior na matemática?

O medo venceu a esperança...

on domingo, 5 de outubro de 2014
As eleições de 2014 me surpreenderam, de forma negativa, mas surpreenderam...

Eu pude ver e participar da onda verde que QUASE fez Gabeira (PV-RJ) vencer o pior prefeito da história do Rio de Janeiro (Eduardo Paes), vi a onda verde que levantou Marina ainda em 2010 pelo PV e vi também a Primavera Carioca de Marcelo Freixo (PSOL)... Além disso, vi as manifestações de 2013 e tudo o mais e estive presente em diversas de lá pra cá...

Sim, foi só por 20 centavos e os mesmos que gritavam Fora Dilma e Fora Cabral agora votavam em Dilma e em Pezão (Sucessor de Cabral)...

O PT, aquele partido que nem eu e nem Brizola nunca gostamos, fez uma das campanhas mais sujas que eu pude ver... Sim, o PT foi o fiel escudeiro do PSDB com mentiras em série.

Reforma política? Precisamos de uma reforma da população! Infelizmente boa parte de nosso povo é estúpida e nada tem de vítima dos péssimos políticos que temos, sim a nossa população é cúmplice... Durante a campanha não me faltaram pessoas se oferecendo para vender o voto para mim, sim é essa a população que depois vai fingir estar desiludida com a política e uma suposta falta de representatividade... Nossos políticos corruptos representam e muito bem uma população corrompida.

Eu contei com uma votação extremamente baixa (544 até onde eu vi), apesar de alguns acharem um bom resultado para uma campanha que não rodou material próprio. Claro, tive uma série de problemas como o atraso nos materiais de campanha e as constantes sabotagens da prefeitura de Queimados contra a minha campanha, por exemplo: até o presente momento não recebi o que devia e estou fartamente endividado por conta dessa prefeitura cretina. Ainda assim, foi menor do que eu esperava, mesmo para a primeira votação onde eu esperava pelo menos uns 1.000 votos...

Para governador, bem Lindberg perdeu e merecidamente... Foi uma aliança confusa essa entre situação e oposição (PT-PCdoB, PV e PSB) e se Lindberg se afastava de Dilma começava a criar raiva nos setores governistas (que em parte preferiram o Garotinho), mas se colava muito na Dilma começava a criar raiva no PSB e PV... Enfim, essa aliança foi péssima para todos...

Na extrema-esquerda Dayse (PSTU) nunca teria meu voto em função do peleguismo e desrespeito com as bases quando a mesma foi defender acordos do SEPE com o Cabral (PMDB)... Tarcísio (PSOL) entrou em uma de querer ficar atacando apenas o Lindberg para provar ser mais de esquerda que o PT (até parece que a população se importa com isso) e ainda bateu no finado Leonel Brizola (o que era algo totalmente fora de pauta e só fez ele ser odiado por uma parcela relevante da população). Ney Nunes (PCB) era o único que salvava nesse grupo, aliás o PCB pois foi o partido que fez uma das mais belas campanhas de todos...

Eu deveria ficar feliz pela eleição do Romário (PSB-RJ) como senador, mas sei que a maioria que votou nele não o fez pelo grande político que é e sim por sua história como jogador de futebol...



No segundo turno, sem nem pensar duas vezes meu voto será:

Governador - Crivella (PRB) 10

Não simpatizo com ele e desconfio da IURD, mas eu preferiria cometer suicídio do que votar em Pezão (PMDB).

Além do mais, mesmo que eu não confie que Crivella fará um bom governo, fere meus princípios reeleger um governo tão podre e que não tem como alguém piorar o mesmo...

Presidente - Aécio Neves (PSDB) 45
Em outros tempos, eu poderia até pensar em votar na Dilma (PT) para defender um governo "progressista", mas aí eu me pergunto: Progressista em que?
  • Privatizou igual ao PSDB, só que fingiu que não privatizaria.
  • Cedeu aos setores mais conservadores da sociedade da mesma forma que o PSDB
  • Não avançou em NADA na questão dos direitos humanos...
  • "Ahh mas distribuiu renda", com o Bolsa Família? Aquele programa que tem origem no PSDB? Fala sério...
Sim, o PT queria tanto o PSDB no segundo turno por se sentir parte do mesmo projeto que ele, mas já que o PT usou dos artifícios mais sórdidos e abusou das mentiras contra a campanha do PSB eu pessoalmente farei a minha vingança nas urnas, apesar de eu achar o Aécio o candidato mais atrapalhado que o PSDB já apresentou (assim como Dilma é a mais atrapalhada do PT)...

Já que o PT fez a campanha mais suja que pude presenciar, jogando de vez toda e qualquer história do partido no lixo, só resta agora torcer para que ele volte para a oposição e consiga repensar sua trajetória.

Sim, o medo venceu a esperança e todos estamos ferrados por mais 4 anos graças ao nosso povo que em boa parte mantém uma mentalidade corrupta e hipócrita...

Obs.: Apesar dos pesares, agradeço aos amigos que sempre estiveram juntos na luta!

Ocupação do Parque Rodoviário (Campos dos Goytacazes - RJ)

on sexta-feira, 3 de outubro de 2014
Em minha última visita ao município de Campos dos Goytacazes, ao visitar a comunidade que ocupa o terreno da abandonada estrada de ferro localizada no bairro Parque Rodoviário, fui informado sobre o possível despejo da população local.

As pessoas, que já residem no local faz tempo e por culpa do descaso do governo com as questões sociais e do abandono da malha ferroviária nacional, estão vivendo sobre uma constante angústia... Sim, eles não sabem se serão expulsos de suas casas para a construção de um apart-hotel e nem sabem ainda ao certo para onde vão (se é que vão remanejar eles de fato para algum local).

Infelizmente o governo trata a vida das pessoas como se fosse alguma brincadeira de um Garotinho qualquer, ignorando não só a função social que está sendo atendida por aquela área, mas também ignorando completamente a ausência de serviços públicos para essa comunidade... Lixo acumulado, perigos no terreno (como buracos e etc)... Problemas já antigos: http://www.fmanha.com.br/geral/ruas-com-buracos-e-lixo-geram-queixas

Estamos de olho no que vai ser feito com essas pessoas...