O mito da incorruptibilidade institucional

on quarta-feira, 30 de outubro de 2013
Vivemos em um momento de fortes questionamentos contra as instituições (políticas, religiosas, ...) e vou dizer que boa parte deste questionamento está ligado a crença das pessoas de que as instituições são organizações imortais e incorruptíveis. Os membros das instituições se acham membros da elite mais perfeita dos mais santos dos eleitos e acabam não aceitando críticas e quando vem a realidade a tendência natural é largar tudo e se desiludir do mundo.

As pessoas não entendem que as pessoas e as instituições tem seu tempo de vida e embora sejam importantes em dado momento histórico se tornam completamente irrelevantes em outro, e aí entra a crise de largar o barco que tanto lutamos para construir e começar outro novo ou até praticamente transformar o nosso totalmente.

Robespierre, o Incorruptível
Não estou dizendo que as pessoas/instituições não devam permanecer firmes em seus ideais, mas é inevitável que haja contradição em algum momento ou que aquela instituição não atenda mais aos seus propósitos originais. Um bom exemplo disso é o PMDB, que foi importante na época do regime militar por ser a única forma de oposição, mas que hoje não passa de um amontoado de pessoas sem nenhuma ideologia ou projeto em comum e que estão juntas apenas no poder pelo poder (até reproduzindo práticas da ditadura).

Contradições? Elas são inevitáveis até por serem subjetivas... Quase sempre quem é acusado de contradição tem uma justificativa pessoal para tal e não se sente como contraditório. Exemplo: Para muitas pessoas ser vegetariano e abolicionista animal e ao mesmo tempo ser pró-aborto é contraditório pois fere o princípio de sacralidade da vida. "A igreja é santa e pecadora" já dizia uma frase bem popular e que nos relembra, que por mais perfeitos que sejam nosso ideais, a humanidade que compõe as instituições sempre pode falhar.

Mas então devemos continuar no barco que afunda? Se vermos que há uma alternativa melhor e/ou o barco dificilmente não afundará, aí acho que vale a pena largar o barco senão é melhor continuar e tentar mudar por dentro. As instituições tem prazo de validade e em algum momento vão morrer ou vão ao menos se degenerar totalmente, no entanto várias situações podem fazer uma instituição retomar os rumos originais como é o caso do PSB-RJ já que, com a saída do grupo que estava degenerado e chegada dos membros da REDE, houve uma verdadeira revolução interna com um realinhamento do partido.

Aliás só tenho visto 3 partidos terem em mente a ideia de que eles são imperfeitos, podem ter contradições, mas ainda sim são importantes e/ou necessários: PSB, PSOL e REDE.

Devemos abrir mão de nossas ilusões e entender que as instituições sempre devem ser criticadas e principalmente se criticar para que possamos estar sempre nos aperfeiçoando. Já dizia uma célebre frase da Reforma Protestante: "Ecclesia reformata et semper reformanda est" (a igreja reformada está sempre se reformando) e assim devem ser as instituições, especialmente as de cunho "progressista", sempre fugir da degeneração e se atualizar diante da realidade.

Vale lembrar que ainda assim devemos nos manter firmes em nossos ideais, tal como um Robespierre, mas sabendo que podemos cair e que se cair devemos levantar e reparar nossos erros para que sigamos em frente fiéis aos nossos propósitos originais. Não tenhamos medo também de inovar, nem tudo que serviu antes servirá hoje e nem tudo que serve hoje servirá amanhã, mas sempre devemos nos preocupar com a essência.

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