Resistência, heróis e vilões

on sexta-feira, 18 de outubro de 2013
Obs.: Assumo que quando montei o blog esperava ter que atualizar ele quase semanalmente. Felizmente tantas coisas tem acontecido, para renovar tanto nossa esperança quanto nossa indignação, que a frequência de atualizações está tendo que ser maior do que o planejado.


Podemos ler na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão aprovada em 1793 pela Convenção Nacional da França revolucionária:
"XXXIII

A resistência à opressão é a consequência dos outros direitos do homem.

XXXIV
Há opressão contra o corpo social, mesmo quando um só dos seus membros é oprimido. Há opressão contra cada membro, quando o corpo social é oprimido.

XXXV
Quando o governo viola os direitos do Povo, a revolta é para o Povo e para cada agrupamento do Povo o mais sagrado dos direitos e o mais indispensáveis dos deveres."

Por sua vez a Declaração de Direitos da Virgínia (1776) que serve como uma das bases para os altos ideais democráticos da Revolução Americana e junto com a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão é uma das bases do que conhecemos hoje como Direitos Humanos:

Artigo 3o
O governo é ou deve ser instituído para o bem comum, para a proteção e segurança do povo, da nação ou da comunidade. Dos métodos ou formas, o melhor será que se possa garantir, no mais alto grau, a felicidade e a segurança e o que mais realmente resguarde contra o perigo de má administração.


Todas as vezes que um governo seja incapaz de preencher essa finalidade, ou lhe seja contrário, a maioria da comunidade tem o direito indubitável, inalienável e imprescritível de reformar, mudar ou abolir da maneira que julgar mais própria a proporcionar o benefício público.

Temos visto uma perseguição implacável que tem criminalizado os movimentos sociais e cito como exemplo a barbárie que tem sido feita contra os professores e seus apoiadores no Rio de Janeiro e agora a perseguição implacável que querem fazer contra os ativistas que invadiram o Instituto Royal.

Antes de mais nada quero deixar claro que é um absurdo tentar criminalizar tais movimentos pois não falta respaldo legal para suas atitudes (e que não perderei tempo replicando aqui pois a internet já está bastante cheia de tais informações). A questão central é que mesmo que por um acaso os ativistas em ambos os casos estivessem ferindo a lei seria moralmente justificável em função da lei e do governo estarem defendendo a opressão brutal e pelo estado de emergência de tais situações que impede a espera pelas reformas estatais que são sempre demoradas. Ninguém condena os heróis da resistência alemã contra o nazismo por terem ferido VÁRIAS leis já que a situação assim exigia. Se a lei é injusta e provoca uma opressão brutal em nível emergencial, então a referida lei é inválida pois fere os princípios democráticos que apresentei em duas declarações que servem como base para nossas concepções atuais sobre o que é uma democracia. (E aprendi com um grande homem chamado Frank Sherman Land que "o mais importante é o princípio".)

Não se trata de defender o crime ou ferir a lei, na realidade é a preocupação de salvar o espírito democrático que rege as leis. "A letra mata, mas o Espírito vivifica" já dizia o apóstolo Paulo em 2 Coríntios 3:6, aliás se é inegável que o cristianismo deu uma forte contribuição para a nossa sociedade em todos os aspectos então não é de se estranhar que aproveitemos o exemplo de Jesus que por vezes flexibilizava o rigor do legalismo mais estrito em favor de salvar justamente o Espírito das leis religiosas ("Não pensem que eu vim para acabar com a Lei de Moisés ou com os ensinamentos dos Profetas. Não vim para acabar com eles, mas para dar o seu sentido completo." Mateus 5:17).


Quem já praticou artes marciais não tem dificuldade em entender isso por saber que você treina todas aquelas posturas/posições/golpes/formas que nunca usará em um combate. Você aprende a forma para poder transcender a forma. O que mais importa é a essência!

Vale lembrar que a atitude dos heroicos ativistas foi causada pela morosidade das investigações do MP (o que é vergonhoso o MP ter sido menos eficiente do que alguns amadores). Robespierre nos fala que a República se baseia nas virtudes e deixar o sofrimento injusto se prolongar não é uma atitude virtuosa e consequentemente não pode ser uma atitude republicana. Que a polícia, MP e judiciário possam ter o mínimo de bom senso e ao invés de se preocuparem em criminalizar os ativistas, que agiram na garantia emergencial de um direito, criminalize sim o Instituto Royal que estava errado desde o inicio.

A causa da libertação humana e da libertação animal são completamente inseparáveis e nós ativistas de ambas as causas devemos estar mais unidos do que nunca e acredito que estes episódios recentes servirão para unir mais os militantes de ambas as causas. O poder popular só será construído com a união de TODOS! Será com o poder popular que construiremos uma sociedade que valorize a VIDA ao invés dos interesses egoísticos de alguns poderosos. Vale relembrar a República só pode existir com base nas VIRTUDES!

Finalizo mostrando dois exemplos de como a mídia pode trabalhar.

Mídia vendida trabalhando contra os interesses da sociedade:
http://oglobo.globo.com/pais/furto-de-beagles-pode-prejudicar-pesquisas-medicas-10431259


Matéria construtiva que beneficia a sociedade:
http://noticias.terra.com.br/ciencia/pesquisa/novas-tecnologias-sao-alternativa-ao-uso-de-animais-na-ciencia,3cd8da38d43da310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html

Os perseguidos de hoje serão lembrados como heróis pela posteridade!

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